Traço de Leão, Olho de Lince, Mãos do Diabo
Paulo
Caruso
(Paulo Caruso, o ilustrador, cartunista, quadrinista, caricaturista e - entre os profissionais da área, um top de lista - enviou ao Lavralivre sua charla sobre o grande desenhista Jayme Leão, falecido este ano em Sampa. Leiam aí. E de quebra vejam a ilustração do “The Lion” que PC mandou junto. - JAS).
Nássara dizia de
Trimano que seu nome explicava sua arte: “Tri-Mano, Três
Patas, Três Mãos!”. Fortuna chamava Jayme Leão de “Mãos do Diabo”.
Mais do que suas
mãos, sempre me surpreenderam seus olhos, a argúcia de um lince à espreita da
presa. No meu caso, a
primeira dessas presas que vi, entre assombrado e arreganhado pela ousadia
desse olhar, foi a figura do comandante Fidel Castro se entregando à uma publicidade
a época , escanhoando a sua simbólica e eterna barba com as recém-lançadas
lâminas platinum - plus.
Mais do que uma
imagem, um conceito. Era a imagem da capa
do “Ex” n° 13, borboleta 13. Esse jornal, de
duração efêmera como todos os jornais da imprensa nanica, questionava o
conceito de verdade de esquerda, abria uma brecha pra que não apenas os
editores de texto, os tiranos das “pretinhas” comandassem o produto final, mas
também os fotógrafos, os desenhistas, os loucos e poetas opinassem no veículo
que botávamos nas ruas.
E olhem que estávamos
debaixo da ditadura escancarada, como diria Élio Gaspari, plenos anos 70,
Médici na cabeça.
Àquela época não se
pensava em Lula pra Presidente e muito menos usava-se Photoshop, Corel Draw e
outros programas que tornaram a vida dos editores de arte e desenhistas essa
moleza de hoje em dia.
O Jayme Leão pegava o
bicho na unha, pra ele nada era impossível.
Com essas mãos ele se
vira em qualquer lugar lá em cima...
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