Mediocrizando os clássicos
José Antônio SilvaA obra de um grande escritor NUNCA é apenas forma, ou apenas conteúdo. SEMPRE é uma junção inseparável das duas coisas. É preciso reafirmar esta obviedade quando (re)surgem projetos como o de lançar versões “simplificadas” de Machado de Assis, etc., para “facilitar” a leitura de clássicos pela juventude.
Versões simplificadas já não serão mais Machado, Guimarães Rosa, Shakespeare, Borges, Dante, Joyce, etc. Serão outra coisa, desprovida da genialidade original e devidamente mediocrizada. Vale a pena?
A Bíblia simplificada chama-se Catecismo.
Se a juventude quiser ler, ela que vá ler. Comece com livros infantis, juvenis, quadrinhos e/ou mangás - leia o que quiser. E não sou contra versões de clássicos em quadrinhos, cinema, etc: aí já é uma outra arte.
Mas, se efetivamente esses jovens tornarem-se leitores, para além das exigências escolares, eles algum dia irão ler Machado (ou seja lá quem for o “difícil”) por vontade própria.
O resto é comércio travestido de gesto bem intencionado. Na melhor das hipóteses, um equívoco.
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