“Quem ele pensa que é?”
José Antônio Silva
Desta vez, a grande mídia brasileira sequer procurou esconder a própria e perversa euforia com a posição norte-americana de ampliar as sanções contra o Irã, com isso buscando ignorar e desqualificar o inesperado acordo sobre a questão nuclear iraniana, obtido pelo Brasil e Turquia em negociação histórica. A postura dos comentaristas profissionais - e dos especialistas cuidadosamente selecionados para as entrevistas – foi, como de costume, colonizada e fez coro ao discurso do Departamento de Estado dos EUA. Nossos maiores jornais, revistas, rádios, blogs e TVs, desde o anúncio da decisão de Lula, já procuravam de todas as formas ridicularizar seu esforço pela paz no Oriente Médio como um absurdo (“mas quem ele pensa que é?”).
Quando o acordo foi fechado, após dias de intermináveis reuniões, a imprensa brasileira não deu o espaço adequado e merecido ao feito. De péssima vontade, e sem muito o que dizer naquele momento, procurou ouvir as vozes de sempre, a criticar e argumentar que “nada garante que o Irã vá de fato respeitar o que foi assinado”. Ora, desde quando algum acordo já traz em si a garantia de seu cumprimento? Sem dúvida foi um grande primeiro passo. Afinal, para evitar mais um possível conflito sangrento no mundo, tudo vale – ou deveria valer – a pena, pois não?
Pois sim. Todo o espaço e o destaque que não deram para noticiar o fechamento positivo do acordo, veio na hora de reproduzir as críticas dos EUA e sua pressão sobre a ONU para aumentar as sanções ao Irã. De quebra, macaquearam as chamadas da mídia internacional, especialmente a americana, que criticou a posição do Brasil e Turquia como “ingênua”. Por trás de tudo, o aparato industrial-militar dos States já faz seu s brindes e apostas, escutando o tilintar próxima da caixa registradora. Daqui do Sul do mundo, nossa mídia abana o rabinho, obediente aos cowboys do Pentágono e Casa Branca. Obama e Hilary Clinton apesar de todas as esperanças mundiais neles depositadas, seguem a cartilha do Big Stick.
O retirante Lula, gênio incontestável da política de negociação, em qualquer nível, que se cuide - ele e essa sua perturbadora propensão a utilizar a diplomacia brasileira não para dizer amém ao donos do mundo, automaticamente, mas para tentar ajudar a resolver por esta via os conflitos do mesmíssimo mundo.
2 comentários:
É com o Presidente Lula que o Brasil se impõe como nação independente. Yank Go Home !
Taí o texto de um jornalista com visão crítica sobre a sua área. Um amigo costuma dizer que parte da mídia busca ser ainda mais a favor do império do que as posições dos seus expoentes, vivenciando um complexo de puxa-saco em fase aguda. Excelente o poema do post anterior, agudo e sensível. Abração
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