
José Antônio Silva
Ângela Rô Rô – Blueseira-emepebista mais autêntica da pátria amada. No fim da viagem, barcas da loucura naufragadas, deu à praia com vida, agarrada ao piano, e ainda riu disso tudo, com a voz que lhe resta: ro-ro-rô.
Bebeto Alves – Gaudério pop. Milongueiro elétrico. Encontro de mundos, a memória do pampa nas pegadas de suas botas urbanas, nas cidades de seus amigos. Inconformado sempre, seguidor fiel das próprias intuições.
Carmem Miranda – Mostrou ao mundo o que é que a portuguesa tem – porém com tempero totalmente brasileiro. Sensual, exagerada, vibrante, pré-tropicalista, causou terremoto em Hollywood. Taí: ela fez tudo para gostarem dela, mas disseram que voltou americanizada.
João Gilberto – Dim dom, dim dom. O dom do djin, o dom do gênio.O poder de valorização das mesmas e repetidas células sonoras, as mesmas canções atravessando décadas, até se tornarem mantras hipnóticos. Sua velha bossa é sempre nova.
Lulu Santos – Talvez ele seja o último romântico, mas certamente é o primeiro colocado entre os baladeiros pátrios – fabricante, no bom sentido, de autênticos clássicos do pop brazuca. Faz o gênero dândi tropical; a música o garante.
Martinho da Vila – Da mítica Vila Isabel, cheio de mânha, falar arrastado, o canto confundido com o sorriso. Malandro doméstico, cronista social irônico, sambista consagrado. Pra que dinheiro? A filha comprova que na casa dele todo mundo é bamba.

Nelson Cavaquinho – Tire seu sorriso do caminho que ele quer passar com a sua dor. E passa e vamos atrás. Sambista deprê, boêmio clássico de botequim: viola (e até cavaquinho), cachaça, mulher e poesia. Um dos grandes.