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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

MPB


Abecedário Musical Impressionista (3ª Leva)

José Antônio Silva


L

Luiz Melodia – Criou estilo próprio ao descer, sinuoso, as ladeiras do Estácio. Um pé no samba de morro, um pé no --, outro pé num blues/jazz, outro ainda na seresta... Afinal, o negro gato tem quatro patas e sete encarnações. Ou mais.


M

Maria Bethania – Perfil de carcará, coração amoroso, a mana do mano Caetano trouxe o teatro para dentro da MPB. Drama! Ao fim de cada ato, limpa no pano de prato as mãos sujas do sangue das canções.


N

Nelson Coelho de Castro – Suburbano coração, coração na boca, boca no trombone. Samba e rock, os pés no barro da infância. Porto Alegre bem Brasil.


Noel Rosa – Floresceu na Vila e subiu pelo morro. Autêntico Papai Noel a presentear a música brasileira com sua boemia criativa fundamental, deu forma à ironia do samba. Morreu no século XX ao estilo poético do século anterior: jovem e de pneumonia. Roseira que segue dando rebentos.


T

Tim Maia – Ele atrasava – mas em compensação o vozeirão chegava antes, e já pedindo “retorno, retorno”! Soul man maior do Brasil. Seu talento era sua sublimação. Irracional superior, mesmo.


G

Gonzaguinha – Fez tudo em pouco tempo e foi embora. Sua lista de sucessos era um panorama do Brasil: crítica social, ironia, reencontro e devoção filial, amor, fé... A sombra do pai não o deixou na obscuridade – sua própria chama ainda queima forte e nada foi em vão.


H

Herbert Vianna – Além das obras de Niemayer, ditadura milica e políticos, Brasília tinha algo mais a oferecer: rock. E quem fazia o melhor eram os Paralamas. O vocalista e compositor usava óculos. Da moto do Vital à lanterna dos afogados, com outros balanços, trajetória de responsa. Depois caiu das nuvens, mas o vôo não acabou.


J

Jorge Mautner – “Maldito” beatnik, teórico do Kaos, provou que o homem antigamente falava com os animais e que todo o herói tem uma capa de estrelas cósmicas. Ah, seu maracatu é atômico. O violino é parte da roupa de cena.

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