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sábado, 12 de dezembro de 2009

MPB

Abecedário Musical Impressionista – 5ª Leva


José Antônio Silva


Arrigo Barnabé – Trabalhador de vanguarda - de Vanguarda Paulista - soltando fumaça sobre o piano que misturou histórias em quadrinhos, cinema noir, rock, erudição e atonalismo. Autor de trilhas cinematográficas, continua na fita.


Cássia Eller – Mais uma estrela fugaz da grande safra roqueira/baladista brasiliense. Voz rascante, cheia de postura, canções e interpretações acima da média. Quando todos começavam a prestar real atenção... já foi! Mas ficou.


Cazuza – Compositor/intérprete mais importante da música popular brasileira nos anos 80, cenário de seu nascimento artístico, afirmação e martírio público. Não tinha a língua presa: já condenado pela Aids, injetou na canção pop alta dose de ousadia e indignação. Aliás, mais uma dose, e é claro que ele estava a fim.


Giba-Giba – Totem da música negra no sul do Brasil, cantor, compositor, carnavalesco, recuperador e divulgador do sopapo (sem violência!) – ponte entre África e cultura gaúcha -, Giba-Giba é pessoa física, mas instituição cultural.


Gonzagão – Sanfoneiro cantador do meu Brasil. Não só naturalizou o acordeon em todas as classes, mas tornou sucesso atemporal uma composição trágica sobre a seca, ao lado do saracuteio do forró. Nasceu sob o signo de Exu, mas avoeja como santo protetor em toda a vibração dos foles, teclas e botões.


Teixeirinha – O maior golpe do mundo na vida dos fãs foi quando ele morreu. Mais famoso gaúcho-cantor-típico-exportação – numa formatação aperfeiçoada por Teixeirinha mesmo - o país todo cantava sua história triste. Baixinho, bigodinho aparado, foi herói e até galã de cinema. Nos próprios filmes, claro.




Zeca Pagodinho – Malandro suburbano carioca. Cervejeiro, escamoso, espertíssimo na divisão do samba e na ironia da levada. Chinelinho e bermuda forever, o corpo na Zona Sul, o coração em Xerém.


Quem não está no Abecedário

De vez em quando alguém me pergunta por este ou aquele instrumentista genial, aquela banda que marcou época, um letrista fora de série – e como é que fica o Abecedário Musical Impressionista nisso tudo?


Aí é que não está: não fica. Minhas próprias limitações, agravadas pela quantidade virtualmente inesgotável de grandes artistas da música brasileira, me fizeram restringir o já imenso campo da minha busca. Até por incapacidade de dar conta, ainda que aproximada, de todo o panorama da cognominada MPB, neste trabalho finquei pé só nos compositores de canções (em amplo sentido) e nos cantores.


Quer dizer: evidentemente gosto de muitas bandas de vários gêneros e épocas no Brasil (a bênção, Novos Baianos!), de muitos letristas iluminados (a bênção, mestre Aldir Blanc!), de tantos instrumentistas inacreditáveis (à bênção, Plauto Cruz!).


Mas só com a papa fina dos compositores e/ou cantores já tenho trabalho – e diversão, é claro - de sobra.


6 comentários:

Steve disse...

Bravo,bravíssimo! Esperamos um dicionário para a próxima feira do livro.

Nei Duclós disse...

Muito bom, já tuitei. Lembrando sempre a frase imortal de Teixeirnha: "Daqui a vinte anos serei folclore". Gênio. Abs.

Jorge Freitas disse...

Gostaria que houvesse registro de um música suburbana e negra feita em Porto Alegre, especialmente na avenida Ipiranga,pelos guris dos Acadêmicos da Orgia - Alexandre(Nega Angela), Ci, Bedeu - seguindo influência de Jorge BenJor, e por isso considerada diluição - o que de fato era. Temos nessa vertente Luiz Vagner, o guitarreiro, homenageado por Jorge BenJor, e que toca muita guitara e compõe um pouco de tudo, passando pelo reggae e músicas de forte acento rítmico, inclusive o samba popular Camisa Dez da Seleção( parceria com LUiz Américo),falando de um time treinado por Zagalo. Luiz Vagner tocou nos Brazas, o conjunto que acompanhava Roberto Carlos, quando o Rei visitava Porto Alegre, em 60/70, e ainda não contava com os RCs 5,6,7 etc...
O registro vale para que não sejam olvidados esses herois sem status que tocam ai pelos bares da cidade, sobrevivendo.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

músicos de Porto Alegre:
entre outos tantos,
Hermes Aquino
Nego Vico
Som 4
Conjuntos de Porto Alegre nos anos 60/70
Som 4
Noberto Baudoff
Adão Pinheiro(Tio Sukita)
Jorge Gerhardt
Loma
Toco Preto
Caco Velho
Gildo de Freitas
Dalila
Elis Regfina
Marco Antônio
Roxo

Juliana Meira disse...

tá demais a quinta leva do abecedário. sigo acompanhando..