Em linha direta com a
Ditadura
José
Antônio Silva
Mais uma prova de que os
setores historicamente marginalizados da sociedade brasileira, de modo geral,
começam de fato a ter vez, a partir das gestões petistas federais, estaduais e
municipais – apesar de todas as falhas e imperfeições do processo, que é
complexo – é que a direita mais retrógrada se vê obrigada a arrancar da cara o
sorriso de vendedor e vir a público cuspir o seu ódio. Num universo em que conservadores
ofendem e maldizem em nome de Deus (Feliciano) e da Ordem (Bolsonaro),
ajunta-se a voz irada, violenta, racista e homofóbica do deputado Luiz Carlos
Heinze.
“Tudo o que não presta”
A pretexto de defender
agricultores familiares num conflito fundiário com indígenas, no norte do RGS,
ele atacou o papel da Secretaria Geral da Presidência da República, coordenado
pelo ministro Gilberto Carvalho. Mas o importante é o formato da afirmação,
gravada em vídeo:
“No mesmo governo (...) estão
aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, e eles têm
a direção e o comando do governo”.
Na mesma oportunidade, Heinze
ainda aconselhou/sugeriu aos agricultores uma ação armada contra os indígenas,
no conflito fundiário do norte gaúcho, dando como exemplo o uso de jagunços
(“segurança privada”) pelos fazendeiros do Pará e Mato Grosso do Sul. Vale
lembrar o prestigiado General Custer, da Conquista do Oeste dos EUA: “Índio bom
é índio morto”.
Questão de DNA
Heinze é deputado federal
pelo PP/RS. Vale pesquisar o DNA da legenda: seu nome de batismo era Aliança
Renovadora Nacional (Arena), partido que dava uma fachada de democracia à
ditadura militar (1964-1985). Depois, virou PDS, que virou PFL, que virou PPR,
que virou PPB – até assumir, em 2003,
a designação simpática de Partido Progressista. Tudo,
claro, numa constante tentativa de não ser associado ao governo ditatorial que
prendeu, censurou, torturou e matou.
Mas, claro, em todos os
setores sociais do Brasil há gente saudosa da ditadura ou esperançosa de algo
parecido. Provavelmente o deputado vai dobrar o número de votantes na próxima
eleição.
Um motivo a mais para que as
esquerdas e os verdadeiros progressistas não se destruam em lutas internas.
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