Eus meus
José Antônio Silva
Um dos meus
dos eus meus
sempre quis ser
um alpinista
preso pelos dedos
no gume do monte
não social
Outro pretende
tocar blues
transmutando negra dor
e na gaita ser o tal
Há uma face
na sombra
que por vezes
quer matar
esfolar
sentar o pau
É minha cara
também
o repórter que
amassa e prende
a timidez
no bolso
e tudo questiona:
profissional
Um dos Josés
ironiza o mundo
debocha
raia a crueldade:
rega a raiz do mal
Outro eu
dos muitos
que palpitam
sob essa casca
é um monje
que compreende
tolera
e caminha
na estrada do Tao
Volta e meia
no fogo do perigo
assoma
o mais covarde e vil dos eus
à porta da tabacaria
congelado pelo medo
do cão
da noite
do soco
do eu:
um rato
tal e qual
Nesta casa caiada
de tantos quartos
cores e rachaduras
moram
dormem
sofrem e gozam
o eu pai
o eterno filho
e um espírito
rasante
com um rosto
construído
em sal.
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3 comentários:
Nossa, José Antonio, muito lindo o poema!
Abraços,
Cristina Macedo
Obrigado, Cris. Que bom que você gostou.
q blza zé, muito legal. inspirado exercício sobre as dualidades que exitem em nós todos. compartilhei no face. abr
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