Governo de Israel, trabalhando contra os judeus
José Antônio Silva
A cada vez que Israel pratica uma ação cruel, ilegal e moralmente injustificável – como este ataque mortal ao comboio de ajuda humanitária, em águas internacionais – age na certeza de que os EUA, com seu imenso poder na ONU e no mundo inteiro, não permitirá qualquer condenação mais forte das Nações Unidas. Desta vez não foi diferente: o máximo que Washington fez foi “lamentar” o episódio. E as manifestações críticas oriundas da ONU foram muito mais em caráter pessoal, de seus dirigentes, do que uma condenação formal. Já dizem por aí, e não há como negar: o ataque de Israel, tratando voluntários que levam alimentos à sitiada Faixa de Gaza como combatentes (que eles não são) é um exemplo clássico de terrorismo de estado.
Movimento pacifista
A cada vez que Israel pratica uma ação como essa, causa dor e indignação não só aos palestinos e seus apoiadores, assim como à maioria das nações: prejudica a si mesmo, enquanto país e enquanto povo. Vale a pena lembrar que há em Israel muitos movimentos pacifistas e que pregam um novo tipo de relacionamento com os palestinos e os demais vizinhos árabes. È incessante e corajosa a atividades dos militantes de grupos pacifistas como Shalom Achsahv (Paz Agora, em hebreu), Yesh Gwul (Há um limite), o grupo de esquerda Gush Shalom, o Tá Ayush e Anarquistas contra o Muro, entre outros.
A percepção de que a única solução “sustentável” (para usar um termo em voga) para a questão é, em última análise, aceitar dividir a terra e praticar a tolerância, é compartilhada por inúmeras personalidades, políticos, militares, professores, artistas, escritores como Amós Oz e Uri Avnery e cineastas como Ari Folman, Eran Riklis, B.Z. Goldberg – entre muitos outros israelenses.
Poder retrógrado
A cada vez que Israel, num governo de direita, apoiado pelos setores mais retrógrados da ortodoxia e do sionismo, pratica este tipo de ação revoltante, trabalha contra si mesmo. Houve uma péssima repercussão internacional causada pela invasão - em águas internacionais – de um barco carregado de alimentos para a população palestina de Gaza, uma “abordagem pirata” que culminou com o assassinato de nove militantes humanitários e pela prisão dos demais tripulantes (como a cineasta brasileira Iara Lee).
Reavivando os preconceitos
A cada vez que Israel mais e mais aposta na força desproporcional e na guerra para impor o terror, ampliar seu domínio territorial e as restrições aos seus vizinhos árabes, joga um manto de desprezo e ódio que cai sobre os ombros dos demais judeus, no mundo inteiro. Um bom termômetro disso está na média dos comentários de leitores postados nos sites de notícias: grande parte dos internautas mistura a revolta provocada por este tipo de ação com velhíssimos preconceitos contra os judeus de modo geral, a lamentar, entre outras imbecilidades, que “Hitler não tenha terminado o trabalho”...
Até que ponto o ataque valeu a pena?
terça-feira, 1 de junho de 2010
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3 comentários:
Muito bem posto, Zé. O cara mais contra esse terrorismo de Estado, e a favor do fim da ocupação dos territórios palestinos para viabilizar a paz na região, que conheço, é judeu de pai e mãe e morou lá. Por aqui, no Brasil, há um movimento interessante, chamado Shalom-Salam-Paz, que une árabes e judeus. Abração
Gostei de ler!
(Lilita)
Muito bom, Zé Antonio.
beijo
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