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domingo, 17 de janeiro de 2010

Poetando

Haiti em (de)composição

José Antônio Silva



Tão negra dor

irrompida do chão;

dura tensão

de vigas

e corpos retorcidos:

desconstrução

e decomposição

dos não ungidos.



Tão amargo

veneno a tragar

num gole lento.

Sem remédio

sem saída

mais e mais

sofrimento.



Uivos no dia e na noite;

como zumbi

se move o povo

em busca

de quem (ainda)

busca o ar

arfando

sob os escombros.



Horrível praga

maldita sina

karma que não se cumpre

e renasce em chaga

- sempre um novo jorro de sangue! -

que não termina.



Haiti

inferno no paraíso

ai de ti.

Janeiro - 2010


Um comentário:

Augusto Bier disse...

Eu queria ter tido o prazer-dor de ter escrito isso. Uma lágrima veio à janela pra ver o que tava acontecendo.