Abecedário musical-impressionista (1ª leva)
José Antônio Silva
A
Alceu Valença – Talentoso sátiro das ladeiras, cantor instituição cultural. Coronel ripongo.
Arnaldo Antunes – Roqueiro-concretista-uspiano/maconheiro velho/voz-de-seresteiro: cabeça dinossauro, meu!
C
Caetano – Virou verbo (caetanear) e substantivo (caetanave). Sinônimo também: da melhor MPB. Nasceu pós-tudo e foi virando clássico, ou o contrário. Fala demais - falta edição.
Chico – Artista e obra em finíssimo acabamento. Maestro soberano de seus amplos limites. Falso tradicionalista. Serviço garantido.
E
Elis Regina – A força da garganta absoluta. Personalidade mais grave que aguda. Uma lágrima no final, encerrando.
Erasmo Carlos – Velho sábio chinês disfarçado de bad man. A fantasia lhe cai bem.
G
Gabriel o Pensador - Pária branco de classe média num território negro e pobre, trovador isolado entre esferas sociais. Sabe rir do que merece.
Gal Costa – Personalidade mais (bem mais) aguda que grave. Mito sensual, hoje velha deusa tropical de tailleur e laquê.
Gilberto Gil - Serelepe no palco, zen-relepe fora dele – enfim, originalmente um ser elepê? Parabólicamarada político. Do baião ao rock, do samba ao reggae, mistura tudo e manda, manda bem. Tanto que virou até ministro.
M
Marcelo D2 – Esperto rimador, rebelde arrependido em busca do milhão perfeito. Grande batida.
Marina Lima – Baladeira muda: nada a declarar que ela já não tenha cantado com graça quando fazia sol.
Marisa Monte – Sambranca, pop carioca. Tradição já canta mais alto.
Milton Nascimento – Buda negro, de voz ecoante. Está em voto de silêncio musical desde que tinha coração de estudante.
P
Paulinho da Viola – Precioso e preciso senhor do lapidar. Praticamente acima do bem e do maldizer do samba. É da água – um rio passou por sua vida mas quem o navega é o mar da criação.
R
Raul Seixas – Artista criado pela força da própria determinação. Sábio derrotado pelo louco.
Rita Lee – Ex-princezinha do rock, com cicatrizes autênticas. Mestra cancioneira entediada – deboche.
Roberto Carlos – Majestade maior dos salões de subúrbio que existem em todos nós. Falso roqueiro, gênio do romantismo singelo. Entidade que paira sobre tudo...
J
João Bosco – Um “cavalo” do ritmo e do violão, que baixa de frente, com tudo. É light fora do palco, mas lá, dói que nem punhal.
Jorge Ben Jor – Encarnação de um balanço mix que ele mesmo criou. Qualquer material serve: tudo fica Ben. Joga o jongo das palavras.
Z
Zé Ramalho – Antonio Conselheiro pop, profeta rouco do horizonte. Olhar vazado que só ele, furado em mandacaru. Não entendemos nada, mas vamos atrás.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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5 comentários:
esse abecedário é o farofino da bossa.
Muito bom, Zé. Persevere.
Um abraço
Ayrton
Ducaraio! E cadê o resto da MPB, do rock, da seresta, de tudo? É munto bão pra parar aí.
Ééééééé, legal, mano, mas tens que incrementá-lo, pois tem muito maluco no trecho...
Bem, muito bem!!
Gostei do Milton::
BUDA NEGRO!!!
sarava!
amém
e viva a Poesia!!
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