“Deu pra ti,
baixo astral/ Vou para Porto Alegre/ Tchau...”. A mensagem otimista e pra cima
do clássico de Kleyton e Kledir, dos anos 80, definitivamente já não descreve a
capital dos gaúchos e gaúchas. Hoje, sob o governo de José Ivo Sartori, do
mesmo PMDB do autor da letra da canção (José Fogaça), não só Porto Alegre mas
todo o Rio Grande do Sul está mergulhado no baixo astral do abandono e da
criminalidade sem controle, que a música pretendia espantar.
Embora seu
discurso seja prometedor, Sartori sempre se mostrou adepto ferrenho do estado
mínimo. Deixou de nomear policiais civis e militares aprovados em concurso e
atrasa seus salários, assim como o dos professores e do funcionalismo estadual
de modo amplo. Ele não confessa, mas
mostra crer piamente no dedo mágico do Mercado, que tudo regularia
harmonicamente na sociedade.Só que não.
O resultado
concreto é o aterrorizador aumento do número de latrocínios. Na segunda-feira,
15/08, uma médica de 32 anos foi assassinada a tiros para ter seu carro
roubado; no domingo, 14, um porteiro de 57 anos, acompanhado pelo filho de 13,
também foi morto para que os ladrões fugissem com a sua moto.
São dois
casos de homicídios com intenção de roubar, em menos de 24 horas, na Capital de
todos os gaúchos e gaúchas. E assim acontece também com os demais indicadores
da criminalidade.
Recorde de ataques a bancos
Para a
categoria bancária, chega a soar como um deboche as negativas do governador do
estado, quando o mês de agosto vem batendo todos os recordes de ataques a
agências, postos e caixas eletrônicos. Os episódios de ocupação de agências por
criminosos, que fazem clientes e funcionários como reféns, tornaram-se comuns,
mesmo que pouco divulgados.
A
insegurança pública, no entanto – mostram dados e estudos internacionais – não
ocorre somente no campo puramente policial, quando então ganha as manchetes. Contribuem
para este quadro o cenário de abandono em que estão as ruas, como no esburacado
Centro Histórico de Porto Alegre; o acúmulo de lixo; o trânsito caótico; as
populações de moradores das calçadas, viadutos e parques, que crescem sem
abrigo adequado nem apoio público. Drogados que rondam como zumbis pelas
calçadas – e, inacreditavelmente, parecem invisíveis aos serviços sociais da Prefeitura
da Capital e do Governo do Estado.
O caos perfeito
Neste quadro
político-econômico, que aposta na retirada de uma presidenta que não tem nenhum
crime nas costas – mas é condenada, entre risinhos cínicos, por um Congresso
composto por uma maioria de denunciados e corruptos – o caos parece se encaixar
a perfeição.
As Olimpíadas,
assim como já tinha ocorrido com a Copa do Mundo em 2014, estão se realizando
com pleno sucesso, apesar de todas as apostas em contrário, por mérito do
governo de Dilma, que tudo havia programado e financiado.
Dois Brasis
São dois Brasis.
O do super-esforço concentrado que agora brilha para o mundo no Rio, sob os
braços abertos do Cristo Redentor, com boa organização e alguns desempenhos
marcantes dos atletas brasileiros.
E o do dia a
dia do governo Temer, que como um mordomo da Casa Grande – devidamente vaiado
na abertura dos Jogos Olímpicos – adianta um terrível pacote de “ajustes”
sócio-econômicos que retiram direitos consagrados dos trabalhadores. Sem que a
maioria da população entenda bem o que está sendo tramado.
(Coluna Marcando em Cima, que publico semanalmente no site do SindBancários de Porto Alegre e Região)
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