Guerra Fria no coletivo
José Antônio Silva
Sentados lado a lado no banco do ônibus, uma moça – cerca de 20
anos – e um homem de meia idade, talvez 55. Os dois chamam a atenção: afinal,
estão lendo, lendo livros. A moça, à janela, manda ver num romance clássico do
comunista mundialmente premiado Jorge Amado: “Terras do Sem Fim”. O coroa se
joga num best-seller coxinha – o “Guia politicamente incorreto da América
Latina”.
A garota aprende sobre o coronelismo, as origem do êxodo rural e
dos latifúndios, o atraso histórico do Nordeste que
só agora começa a ser superado, tudo em uma linguagem lírica e cruenta.
O senhorzinho ferve os miolos de provável desprezo pela
esquerda, ao ler, com leve sorriso, ironias sobre o presidente eleito chileno
Salvador Allende, morto durante golpe de estado em 1973.
O livro pergunta, em
tom de brincadeirinha, quem seria o responsável pela ação que rompeu a ordem
democrática no Chile, matou três mil pessoas e torturou e prendeu outras 37 mil
vítimas:
1) A CIA; 2) O Governo dos Estados Unidos; 3) O presidente norte-americano; 4) Nenhuma destas hipóteses.
1) A CIA; 2) O Governo dos Estados Unidos; 3) O presidente norte-americano; 4) Nenhuma destas hipóteses.
Hora de desembarcar.
3 comentários:
Oi Zé! Com o Plauto fizemos um bom registro no documentário "Espia Só", direção do Saturnino Rocha. Quando tiver uma oportunidade assista. Abraço! Geraldo Borowski.
Grande Geraldo! Teu comentário saiu publicado no artigo errado, e eu não sei como trocar, hehehe. Quero ver sim o doc do Nino. Como faço? Abraço, amigo!
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