Guerreiro
José Antônio Silva
Calmo e atento como um grande guerreiro, avancei minhas espada ao coração dela, quando o instante preciso chegou e o flanco se abriu, em lábios e olhar. Tudo era propiciatório e os deuses a empurraram para mim, pois assim devia ser – caso eu mostrasse merecimento. Para isso,devia estar sempre preparado, pronto para o – talvez – único momento certo, aquele e somente aquele. Do jeito que acontece – um, dois ou três segundos – quando a lua exibe-se inteira entre o rápido movimento das nuvens escuras, em noite que promete tempestade.
Calmo e atento como um cavaleiro do Graal, cravei minha lâmina em seu coração vermelho, no ponto que devia, movido por aquele tipo de vontade tão intensa que já superou qualquer dúvida – ao menos ali e então – e transforma-se em confiança na vitória, sem um grão sequer de arrogância.
Calmo e atento como um samurai, retirei de seu coração a espada sangrenta, embora meus olhos estivessem presos aos dela, e com um passo atrás, em gestos que já pareciam não me pertencer, a enfiei em meu próprio peito.
Nosso pacto de sangue, silêncio e paixão ainda queima em meu coração, que não é mais meu.
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