Padres Pedófilos e outras bandas
José Antônio Silva
Padres pedófilos. Poderia ser apenas o nome provocativo de uma nova banda de rock (livremente inspirado na denominação do The Cure, por exemplo). Infelizmente, é muito pior que a barulheira de músicos iniciantes.
Esses padres... merecem o inferno, sem dúvida.
Acompanhados de legiões de professores, médicos, pastores, treinadores esportivos, monitores, irmãos/monges, sacerdotes de praticamente todas as demais religiões, babás e tantos outros cuidadores, com destaque especial para o acolhedor ambiente de muitas residências, envolvendo tios, padrastos, pais – e até determinadas mães.
Tudo indica que cúpula da Igreja Católica amorcegou e tentou desqualificar o abuso sexual praticado – às vezes durante anos a fio - por vários sacerdotes sobre os pequenos fiéis à seus cuidados, em especial nos abrigos e asilos religiosos.
A bem da justiça, no entanto, precisamos reafirmar que este tipo de crime – e mais, de covardia – está muito longe de ser “privilégio” da Igreja de Roma. Jesus, Buda, Maomé, Calvino e outros líderes fundadores, ao que nos consta, não imaginaram nada disso ao criarem suas igrejas (pensando bem, talvez até previssem: não há nada de novo sob o sol, com exceção do buraco ampliado na camada de ozônio).
Mantra
Não faz muito tempo, a propósito, houve certo frisson na internet com denúncias de que dois monges budistas, no caso, no Sri Lanka, foram acusados de abusar sistematicamente de 11 crianças (entre os 9 e os 12 anos). Em 2001, outro monge budista, no mesmo país, trocou a cela do mosteiro pela da penitenciária, por abuso sexual a uma menina. (Aqui, no lugar do rock, a hipnótica música oriental).
Estes fatos não renderam muito, jornalisticamente, pois se trata de uma religião e de uma região muito distantes da maioria de nós.
Enfim, nos casos, envolvendo religiosos, a atenção da mídia e da tal “opinião pública” se faz mais concentrada, pois sacerdotes estariam ferindo, digamos, duplamente as normas: além de não respeitarem o celibato com o qual se comprometeram, ainda abusavam de crianças.
Ora, o primeiro item da “acusação” (se for a de manter relação carnal com pessoa adulta, por livre vontade de ambas as partes) é questão literalmente íntima do sacerdote, com sua consciência e suas convicções. E por ela deve responder, terrenamente, só a seus superiores na hierarquia clerical.
Rock pesado
Já o abuso de crianças é que deveria e deve nos preocupar a todos, pois se trata de ato criminoso e inaceitável – sejamos sacerdotes, leigos ou ateus.
Divulgue-se tudo – pois o silêncio é o maior incentivador dos abusos.
Mas não vamos esquecer - e talvez devamos até exigir - os mesmos holofotes da mídia sobre o que se passa dentro das casas dos cidadãos respeitáveis.
Afinal, tudo indica que o maior índice de estupros e abusos sexuais de crianças e adolescentes acontece dentro dos lares, praticados por parentes próximos. E pior: muitas vezes com os demais familiares fazendo de tudo para esconder estes fatos da sociedade, seja para manter a imagem de normalidade familiar, seja por cumplicidade nos acontecimentos.
É, realmente, rock muito pesado.
terça-feira, 13 de abril de 2010
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Um comentário:
É isso aí, TomZé, cadeia para os padrecos safados...
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