Ao Paraíso!
José Antônio Silva
Atravessas o rio a vau
gelado e decidido
entre parceiros, mulheres, crianças
um a um
que a corrente leva
para país nenhum.
Cavas um fosso
furas a cerca
pulas o muro
sangue lavado a medo
sob armadilhas elétricas
segues teu próprio enredo.
Varas o deserto
frio e exausto.
Antes de suar
miras o sol que madruga
a oeste:
com fome e sede
pisas o paraíso
que te deste!
Levanta as mãos!
Deita ao chão!
(contradição?)
Te acorrentam, te batem
sacodes na carroceria lotada.
Crês: tudo terá solução.
Ofendem tua tez de índio
teu cheiro de medo
e desespero.
Documentos!
Te lançam à cela:
ligeiro! ligeiro!
És um criminoso
e mereces
tudo o que virá:
anos duros de prisão
ou a humilhante (já não ligas?)
deportação.
Sobre a linha imaginária
fumas e tosses
num barraco de tábuas e barro
ilhado por traficantes
e subempregados.
Aguardas outra semana,
mais um mês
o ano que vem
que vem e em que vais
- aí sim! -
ser humano
por completo:
em inglês.
.2009.
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Um comentário:
nova leva de "chicanos" povoando os guetos dos EUA...
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