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sábado, 2 de abril de 2016

Cães raivosos à solta nas ruas

Alguém ainda há de analisar – com racionalidade e sem paixão – o surgimento desta erupção de um direitismo raivoso, obtuso e violento, em palavras e ações, que se espalha pelo Brasil. Pois, como se sabe, não se trata de expressar indignação contra a roubalheira do dinheiro público. Se assim fosse, a indignação não se manifestaria apenas contra um lado, de forma cuidadosamente seletiva.
Não. É muito pior. É como se tivessem soltados das respectivas coleiras (morais e legais) uma matilha de cães raivosos, os atiçassem e mandassem atacar os passantes: Pega! Mata!
De certo modo é isso mesmo.
E quem atiçou, e segue atiçando, o lado carniceiro desta gente agressiva é a mídia, com sua cantilena anti-PT e anti-esquerda dia e noite, sábados e domingos, feriados e dias santos (ao mesmo tempo em que omite, minimiza ou dá caráter discreto para qualquer falcatrua dos setores direitistas).
Mas, ainda assim, chama atenção a volúpia de ódio com que os direitistas se sentem autorizados a atacar quem pensa diferente deles.
Aliás: a qualquer um que eles julguem pensar diferente, mesmo que a vítima esteja de boca fechada e, talvez, nem se ligue na política.
Aliás Parte 2: hoje, muitas vezes não ser branco, ser cabeludo, ser gay, ser índio, é “razão” suficiente para ofensas e espancamentos, dependendo do lugar em que a vítima esteja.
Andar com uma peça de roupa vermelha pela rua passa a ser um ato arriscado, e o desavisado transeunte pode muito bem ser surpreendido com uma ameaça e uma cara de ódio: “Vai pra Cuba! Comunista ladrão!”.
Neste império da irracionalidade – sempre vale lembrar - até mesmo coxinhas e conservadores podem ser vítimas de seus companheiros direitistas radicalizados.
Dá pra dizer – tentando manter o nariz para fora da merda – que hoje há um movimento fascista fomentado irresponsavelmente pela Rede Globo, Veja e outros veículos de imprensa. Mas que se auto-organiza de modo funcional, possivelmente marcando ações pelas redes sociais, e atacando pessoas nas ruas, bares ou em qualquer outro lugar. Agem movidos pela última manchete destorcida da TV ou por uma nova decisão espetaculosa oriunda de Curitiba.
É interessante perceber uma peculiaridade no atual panorama. Por ser um movimento formado principalmente por membros das classes média e alta (ao contrário das esquerdas e dos trabalhadores, que são historicamente organizados em sindicatos, movimentos sociais, associações, etc.), estes direitistas carecem de entidades de classe que os representem socialmente, pois jamais precisaram disso, haja visto que contam ao natural com os favores do establishment.
Porém, neste momento em que querem se manifestar como classe, nas ruas, não têm os canais adequados da política para isso, e facilmente escorregam para o pântano da irracionalidade e da violência. De outro lado, esses “comandos” violentos e à solta têm suas ações criminosas em geral minimizadas pela mídia e ignoradas muitas vezes pelos órgãos de segurança pública.
Também líderes partidários conservadores mas democráticos têm se omitido – por conveniência política ou receio - de condenar a violência irracional nas ruas.
Fato evidente é que estas patrulhas da violência e da intolerância já deixaram de praticar suas covardias apenas nas passeatas midiáticas da Avenida Paulista.
A partir de agora, creio eu, todo o mal originário da explícita violência política que acontecer aos cidadãos e cidadãs brasileiras, de forma gratuita, deve ser parcialmente cobrado, moralmente e até na Justiça, da Toda Poderosa Mídia.

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