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terça-feira, 9 de junho de 2009

Amor e Ódio


Quatro coisas que eu detesto – e quatro que eu adoro.

José Antônio Silva



Detesto:

1. Gente que passeia com cães ferozes sem guia ou sem focinheira (ou sem as duas, de preferência) e depois que a fera mata ou mutila a empregada ou a própria neta ou o carteiro ou ainda um passante (quem mandou passar por ali?!!), mostra genuína surpresa: “Mas ele sempre foi tão bonzinho!”.


2. Advogados, juízes e juristas que só vêm a público, trêmulos de indignação, reclamar dos excessos e abusos do Ministério Público ou da Polícia Federal (uso de algemas, presença da imprensa, escutas não autorizadas, etc) quando o cidadão vitimado por esses intoleráveis abusos usa ternos bem cortados, é generoso com os que decidem e chega de avião particular às audiências.


3. Sujeitos que estudaram nos melhores colégios, tiveram todas as chances na vida, mas possuem sólida preguiça mental e só repetem frases feitas, piadas preconceituosas e nunca lêem um livro. E para disfarçar a ignorância constrangedora, se saem com essa: “Não é do meu tempo”.


4. A seguinte cena: o cara enfia o dedo no nariz, extrai um tatu de boa dimensão, avalia a peça com olhar de connaisseur, e num lance rápido, procurando disfarçar, joga o petisco na boca e o engole. Argh!!!


Adoro:

1. Um episódio da novela da TV Justiça em que o ministro negro, sem se curvar como os demais, diz verdades duras, cara a cara, ao poderoso vilão que, através de mil tramóias ao longo da história, chegou à presidência do tribunal. Fortes emoções.


2. Os trechos iniciais do clássico tarado de Vladmir Nabokov, quando o protagonista saboreia, rolando as sílabas dentro da boca, o nome de sua musa: “Lo – li – ta...” Aula de literatura.


3. Velhinhas que aprenderam a ler quase com 70 anos de idade (“meu pai dizia que mulher não precisava estudar”) e renascem: “Agora eu entendo o mundo. Parece que tiraram uma venda dos meus olhos”.


4. Mesas redondas e programas esportivos no rádio e na TV, em que apresentadores e comentaristas passam horas discutindo temas de grande relevância, se fulano vai jogar ou não, se a falta foi bem marcada, se houve impedimento ou não e se o craque vai beijar a camisa de um time europeu por 10 ou 15 milhões de euros. Mas cuidado: esta é uma das drogas com maior poder de dependência.

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