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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Uma névoa se apresenta




Uma névoa

se apresenta


Tento olhar o que está à frente.

Uma névoa se apresenta.

Acendo um farol.

Seu facho apenas ilumina a condensação.

Um jogo de volumes.

Brancos e cinzas.

Isto não pode ser tudo.



Dou um passo adiante.

O chão é irregular.

Exige atenção

(que retiro, em parte, da neblina).



Estico o braço.

A mão roça a umidade vazia.

Aperto os olhos:

irritação.

Neblina poluída.



Jogo uma pedra

ao espaço sem contorno.

Nem ruído.



Mas algo há.

Um ai.

Um oh.

Um argh.

Piso em frente.



Escorrego.

E já não paro

de cair.

Ao fundo.

Ao fundo.

Ao fundo.



Tateio o chão de pedregulhos.

O corpo mortificado.

Levanto o olhar ao céu

contaminado.



Gargalhada distante

me saúda.



Começo a escalada.



Por: José Antônio Silva




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