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sexta-feira, 27 de junho de 2014


Traço de Leão, Olho de Lince, Mãos do Diabo


Paulo Caruso


(Paulo Caruso, o ilustrador, cartunista, quadrinista, caricaturista e  - entre os profissionais da área, um top de lista - enviou ao Lavralivre sua charla sobre o grande desenhista Jayme Leão, falecido este ano em Sampa. Leiam aí. E de quebra vejam a ilustração do “The Lion” que PC mandou junto.  - JAS).

 
Nássara dizia de Trimano que seu nome explicava sua arte: “Tri-Mano, Três Patas, Três Mãos!”. Fortuna chamava  Jayme Leão de “Mãos do Diabo”.

Mais do que suas mãos, sempre me surpreenderam seus olhos, a argúcia de um lince à espreita da presa. No meu caso, a primeira dessas presas que vi, entre assombrado e arreganhado pela ousadia desse olhar, foi a figura do comandante Fidel Castro se entregando à uma publicidade a época , escanhoando a sua simbólica e eterna barba com as recém-lançadas lâminas platinum - plus.

Mais do que uma imagem, um conceito. Era a imagem da capa do “Ex” n° 13, borboleta 13. Esse jornal, de duração efêmera como todos os jornais da imprensa nanica, questionava o conceito de verdade de esquerda, abria uma brecha pra que não apenas os editores de texto, os tiranos das “pretinhas” comandassem o produto final, mas também os fotógrafos, os desenhistas, os loucos e poetas opinassem no veículo que botávamos nas ruas.

E olhem que estávamos debaixo da ditadura escancarada, como diria Élio Gaspari, plenos anos 70, Médici na cabeça.

Àquela época não se pensava em Lula pra Presidente e muito menos usava-se Photoshop, Corel Draw e outros programas que tornaram a vida dos editores de arte e desenhistas essa moleza de hoje em dia.

O Jayme Leão pegava o bicho na unha, pra ele nada era impossível.

Com essas mãos ele se vira em qualquer lugar lá em cima...

 
                                                                                                         

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