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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Crônica Minha

Uma região ainda inexplorada pela humanidade


José Antônio Silva


Tempo e espaço são formas diferentes de falar da mesma coisa – vida. E cada ano é um território a ser percorrido, com trechos fáceis e paisagens deslumbrantes, e travessias difíceis e sombrias. Agora falta pouco tempo para atravessar a ponte para 2012.

Chego, como sempre, com minha carga de alegrias e tristezas, como qualquer um. Esperanças também, claro. Expectativas, melhor dizendo. Não que o ano que agora estou abandonando tenha sido especialmente difícil; foi difícil, mas como um desafio que motiva. Sim: já atravessei territórios muito piores, sob chuvas, trovoadas e raios que literalmente me derrubaram ao chão, onde me contorci de dor e desespero, sem abrigo nem mão amiga, pelo menos que eu pudesse ver.

Não: 2011, tudo pesado, foi e continua sendo positivo. Procuro pensar que o que passei em alguns outros períodos, nem tão distantes, foi de alguma maneira necessário – a vida como lixa, que vai apenas aparando as arestas, ao arrancar a pele.

Já posso ver o 2012, que me espera do outro lado, com uma paisagem aparentemente amigável – assim enxergo todo novo período de 12 meses. Todos ficam encantados em dezembro, como o velho Scrooge, o milionário egoísta e arrogante de Charles Dickens, que se transforma, no Natal, ao se deparar com seus fantasmas. A magia de solidariedade, no entanto, muitas vezes é esquecida pelo bimbalhar dos sinos da publicidade e do consumismo. Seja como for, o espírito de irmanamento só vai durar até a ressaca que sucede ao ano novo.

Mas o território que palmilho é o que escolhi, por minhas palavras, gestos e decisões, mesmo que de modo inconsciente.

Faltam poucos metros para botar o pé nesta região ainda inexplorada pela humanidade. Avanço pela ponte como um pioneiro ou um viajante: tenho energia, sonhos e prazer ao encher os pulmões de ar e tocar em frente.

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