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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Crônica Minha


Tocando tudo, entrega total à Deusa Música

José Antônio Silva


Não duvido que ouvir, evidentemente, mas também ver, músicos solando seus instrumentos em jam sessions privadas ou concertos públicos, totalmente entregues aos improvisos, pode ser chato para algumas (ou muitas) pessoas. Pobre gente.

A um só tempo individualizada e integrada, num plano mais alto e raro, arranjando/harmonizando na hora melodias e ritmos, descobrindo/inventando concomitantemente – no jazz, no blues, no chorinho, no rock, no tango, no merengue, na bossa nova ou em qualquer outro gênero ou subgênero que conceda espaços amplos ao vôo da alma através da sonoridade –, a ação destes artistas é uma grande experiência sensorial.

Maior que esta somente se você estiver tocando (bem ou mal - isso não interessa muito, ao menos para você...), mas tocando com toda a entrega possível à Deusa Música.

Olimpíadas sonoras
Ou a uma das deusas e deuses da música. A deusa olímpica seria Euterpe, dividindo a ópera com sua irmã Aede, cantora. Para não falar de Apolo, regente titular do setor.

Os caras – vibrações, por falar nisso? – também estavam presentes no Egito, com Tot e Osíris. Na Índia, claro: e dê-lhe Brahma! Entre os hebreus da antiga, via Jubal.

Pitágoras, voltando para a Grécia, foi um humano genial, que entre muitas outras coisas inventou um instrumento para determinar matematicamente as relações entre os sons, o monocórdio. Mas parece que os críticos nasceram juntos com os artistas: Lassus, 540 A.C. também na península grega, foi o primeiro a teorizar sobre a música.

Holística chinesa
O Oriente também tinha os seus: Lin Len, 234 A.C., ministro do imperador chinês Haung-Ti, estabeleceu a oitava em doze semitons, aos quais chamou de doze lius. Esses doze lius foram divididos em liu Yang e liu Yin, que correspondiam, entre outras coisas, aos doze meses do ano. Quer dizer, uma visão holística pós-moderna na Antiguidade, comprovando que tudo é tudo e nada é nada, como dizia o mestre cantor Tim Maia: “Mais retorno! Mais grave! Mais agudo! Mais tudo, porra!”.

Enquanto você pensa nisso tudo, escute essa:

http://www.youtube.com/watch?v=vYK0xGt2Zls&feature=player_embedded


Em Tempo Hábil I – Na foto ao alto, minha homenagem ao irlandês Rory Gallagher, um dos grandes da guitarra, falecido em 1995, aos 47 anos, e hoje esquecido.

Em Tempo Hábil II - As abobrinhas e sacadas opinativas óbvias do texto acima são minhas; as informações históricas sérias eu surrupiei do Renato Roschel, num artigo sobre a origem da música no seguinte endereço:

http://almanaque.folha.uol.com.br/musicaoquee.htm

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou uma dessas pobres gentes citadas.
Num güento improvisos masturbatórios de jazz.
Num güeeento - e com todas as tremas a que tenho direito por mais um ano e pouco,
de acordo com o acordo.
O seu link do Kenny Barron e Brad Mehldau me reconciliou com "a coisa".
Quaaase tão bom quanto ouvir Keith Jarret no Koln in concert.
Eu disse "quase"!
Bj, Lilita

José Antônio Silva disse...

Oi, Lilita!
que bom que consegui te reconciliar, improvisadamente, com os improvisos.
Beijo!
Zé Antônio